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Neto de general é a peça que falta na trama do golpe 3p3ys

Núcleo cinco é o único com apenas um denunciado: o youtuber Paulo Figueiredo p1c44

Por Pedro Jordão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 6 jun 2025, 11h07 - Publicado em 6 jun 2025, 06h00

O processo da trama golpista no Supremo Tribunal Federal tem se desenrolado como a montagem de um quebra-cabeça. O STF já julgou quatro núcleos, divididos de acordo com a participação de cada um, com 34 denunciados pela Procuradoria-Geral da República, dos quais 31 foram para o banco dos réus por crimes como tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição violenta do estado democrático de direito e organização criminosa armada. Outros três acusados tiveram as denúncias rejeitadas por insuficiência de provas ou questões jurídicas. Falta ainda aos magistrados da 1ª Turma julgar mais um núcleo, o cinco, que é o único com apenas um denunciado: o youtuber Paulo Figueiredo, que nas últimas semanas assumiu posição-chave na polêmica que envolve a direita bolsonarista, trumpistas americanos e o Supremo.

Neto do general João Baptista Figueiredo, o último ditador brasileiro, que governou o país de 1979 a 1985, Paulo Figueiredo é acusado pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, de colaborar em um plano para pressionar chefes militares a aderirem ao movimento de quebra da ordem democrática em gestação no final de 2022, com a divulgação de uma carta escrita pelo grupo que planejava a trama. Segundo a PGR, Figueiredo “instrumentalizou a sua condição de comunicador para provocar a cooptação do Alto Comando do Exército ao movimento golpista”. Além disso, o ex-comentarista da Jovem Pan foi denunciado por espalhar fake news sobre as urnas eletrônicas, produzidas pelo argentino Fernando Cerimedo, insinuando que o resultado eleitoral de 2022 havia sido fraudado.

Último acusado da trama golpista a não ter o seu caso apreciado pelo STF, Paulo Figueiredo está longe dos braços da Justiça brasileira. Desde a denúncia da PGR, nada andou, porque o youtuber mora nos Estados Unidos desde 2015 e não teria sido localizado pelas autoridades brasileiras para ser notificado. Diante desse ime processual e após o prazo-limite se encerrar, o ministro Alexandre de Moraes pediu um advogado público para o acusado, mas a Defensoria Pública negou, argumentando que, com um “endereço incerto e não sabido”, não havia como entrar em contato com ele para oferecer a defesa. O mesmo motivo seria a resposta para nada ter acontecido em relação a um mandado de prisão que foi emitido a pedido da Polícia Federal em 2022.

Paulo Figueiredo também alega desconhecimento total das acusações do processo — ao menos formalmente. “Eu nunca fui notificado efetivamente sobre esta ação penal. Tudo o que eu sei sobre ela é o que saiu na imprensa. Pelo que eu entendi, as condutas atribuídas a mim são crimes de reportagem. É a criminalização da profissão de jornalista”, disse ele a VEJA. De acordo com Figueiredo, a Justiça sabe onde ele vive. “Eu moro na pacata cidade de Weston (a 50 quilômetros do condado de Miami-Dade, na Flórida) e já respondi a outros processos. Eu moro no mesmo lugar há mais de dez anos”, diz.

Ileso, até agora, do julgamento da trama golpista, as sanções que Paulo Figueiredo vem sofrendo são os bloqueios constantes de suas contas e perfis nas redes sociais, a pedido de Moraes. Atualmente, o influenciador já está no seu oitavo perfil do Instagram e do X. Seu canal no YouTube também segue ativo — lá, tem mais de meio milhão de seguidores e apresenta com boa frequência o seu programa, Paulo Figueiredo Show, com ataques a Moraes, ao Supremo e à imprensa brasileira.

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Nos últimos meses, ele tem participado também de reuniões com bolsonaristas nos Estados Unidos, especialmente o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-­SP), de quem é amigo, além de políticos americanos. Em maio, por exemplo, foi com Eduardo e o deputado Filipe Barros (PL-PR), presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, ao encontro do deputado republicano Cory Mills, o mesmo que questionou o secretário de Estado americano, Marco Rubio, sobre sanção dos EUA a Moraes durante uma sessão do Congresso — e obteve como resposta que isso estava sendo estudado no governo Donald Trump e tinha boas chances de acontecer. Segundo Barros, os três também se reuniram com Brian Mast, deputado americano que preside o Comitê de Relações Exteriores, em “duas agendas muito complexas, completas e propositivas”. Barros citou outros nomes, como Mike Benz, ex-secretário de Trump, e Benoni Belli, embaixador do Brasil na Organização dos Estados Americanos. A viagem de Barros foi feita de forma oficial, representando a Câmara.

Figueiredo diz ter se reunido com 43 autoridades americanas desde o final de 2022 para divulgar o que o Judiciário brasileiro vem fazendo. Nas últimas semanas, o esforço pode ter começado a dar resultados, e o próprio Paulo Figueiredo pode se tornar o motivo decisivo para os EUA punirem Moraes. Em 28 de maio, Rubio anunciou a restrição de vistos para estrangeiros, incluindo autoridades, que “censuram” americanos. Figueiredo, que tem seus perfis retirados do ar por Moraes, é cidadão americano e poderia ser a justificativa que os EUA precisam para punir efetivamente o ministro. Enquanto isso não acontece, Figueiredo permanece na mira da PGR e do STF, mas continua no ataque, desafiando as autoridades brasileiras. Resta saber quem moverá a última peça no tabuleiro da trama golpista.

Publicado em VEJA de 6 de junho de 2025, edição nº 2947

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