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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)

Lula, o feijão e o sonho 3h4w23

Presidente perde favoritismo e precisa chacoalhar o governo para recuperar eleitores que só votam nele se o adversário for um Bolsonaro 6b402g

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 8 jun 2025, 09h10 - Publicado em 8 jun 2025, 08h57

As recentes pesquisas Genial/Quaest mostram que, pela primeira vez, o presidente Lula da Silva deixou de ser o favorito para a eleição de 2026. Com a cautela necessária para uma previsão política no Brasil com dezessete meses de antecedência, os números mostram que Lula estará no segundo turno, mas que, se não mudar o seu governo logo, só vencerá se enfrentar um adversário com o sobrenome Bolsonaro. 

Aos principais números das pesquisas: 

  • pela primeira vez nos três mandatos, Lula tem forte desaprovação entre os mais pobres: o governo é reprovado por 49% dos que ganham até 2 salários mínimos e 44% dos que recebem Bolsa Família;
  • em sua base tradicional de apoio, Lula é desaprovado por 54% das mulheres, 53% dos católicos e 47% dos que têm até o ensino fundamental;
  • na média, um de cada quatro eleitores que votou em Lula acha o governo ruim;
  • ⁠70% acham que ele não cumpre as promessas de campanha;
  • 66% responderam que a saúde do presidente é um motivo de apreensão;
  • 66% acham que Lula não deveria ser candidato à reeleição;
  • 64% dos eleitores do Sudeste, a região que decide a eleição, desaprovam o governo;
  • 61% avaliam que o Brasil está na direção errada; em janeiro, eram 50%;
  • em média, 40% dos eleitores souberam de algum dos novos programas sociais do governo; ao mesmo tempo, 82% souberam do escândalo do INSS;
  • sobre o escândalo, 31% culpam o governo Lula, 8% as entidades que roubaram os aposentados e 8% o governo Bolsonaro;
  • pela primeira vez, a rejeição ao governo está se transformando em rejeição eleitoral ao candidato Lula; isso fez com que candidatos pouco conhecidos, como Tarcísio de Freitas (ignorado por 39% dos brasileiros) ou Ratinho Junior (que 48% não sabem quem é) empatem na margem de erro com o presidente num eventual segundo turno

É um resultado particularmente ruim, porque o Palácio do Planalto imaginava que iniciaria em maio uma retomada depois da brutal queda de popularidade entre dezembro e janeiro com a alta da inflação e os boatos sobre o Pix. Novos programas sociais foram lançados, mas ainda não surtiram efeito. E a melhora na percepção dos eleitores sobre a economia, que segue pessimista, mas menos ruim que no início do ano, não foi suficiente para atenuar os efeitos do escândalo do INSS.

Isso não significa, no entanto, que o jogo está perdido para Lula. O presidente tem ao seu lado os dois principais instrumentos de uma reviravolta política: o tempo e a caneta.

Dias atrás, o jornalista Ricardo Kotscho revelou no UOL que Lula havia dito: Só perco essa eleição para mim mesmo”. Está certo. A volta de Lula ao jogo depende só do próprio Lula.

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A primeira urgência é parar de errar. Dos quatro principais motivos para o abalo na popularidade, três foram causados pelo próprio governo: a alta do dólar em dezembro que pressionou a inflação, a crise do Pix e o decreto do IOF. A quarta crise, o escândalo do INSS, está sendo ampliada pela lentidão nas respostas. ados quarenta dias, o INSS ainda não tem um cronograma para a devolução do dinheiro roubado dos aposentados.

Os novos programas sociais ainda são desconhecidos pela maioria, mas quem sabe sobre eles os aprova. Quando os mais pobres de fato não pagarem mais pela energia elétrica e receberem um botijão de gás de graça, é esperado que esse grupo volte a aprovar o governo. Recuperar os eleitores que ganham até dois salários mínimos é essencial, mas não suficiente.

O erro principal do governo é acreditar que apenas programas sociais e mais crédito bastam para dar a Lula o favoritismo em 2026. Não será. Não é só a economia, estúpido! É a perspectiva.

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Com 79 anos e disputando eleições desde 1982, Lula sofre um natural desgaste de material. É sintomático que dois terços da população se preocupem com a sua saúde num eventual quarto mandato e a mesma proporção prefira que ele não seja candidato mais uma vez. Como mostrou a Quaest, 39% dos eleitores disseram que votaram no presidente em 2022 porque o adversário era Bolsonaro e 35% porque queriam Lula no poder. Lula governou muito para quem gosta dele, mas pouco para quem votou nele só para evitar Bolsonaro.

O presidente tem um discurso pronto para enfrentar alguém com o sobrenome Bolsonaro, mas não para a disputa contra um candidato de direita não radical. Não vai colar acusar Tarcísio de Freitas ou Ratinho Junior de serem ameaças à democracia. Será preciso convencer o eleitor que vale a pena mais quatro anos de PT no poder.

Isso Lula não vai conseguir com mais propaganda ou novos programas eleitoreiros, mas dando ao eleitor ainda em 2025 uma perspectiva de melhora até 2030.

A pesquisa Genial/Quaest apontou que 8% dos brasileiros consideram o governo ótimo. Enquanto Lula for um dos brasileiros felizes com o governo, vai ser difícil. Tempo e caneta na mão Lula tem. É preciso uma postura diferente dos últimos dois anos e meio para virar o jogo.

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