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IA revela que pergaminhos do Mar Morto são mais antigos do que se pensava 4i4658

Nova tecnologia revela que certos textos da Bíblia foram escritos por mãos anônimas no exato período em que se acredita que tenham sido compostos 593f2t

Por Ligia Moraes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 4 jun 2025, 15h00
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Desde que foram encontrados, os manuscritos do Mar Morto vêm fascinando arqueólogos e estudiosos das religiões por revelarem aspectos fundamentais sobre o judaísmo antigo e o cristianismo nascente. A maioria deles, no entanto, não traz qualquer referência de data, o que sempre dificultou saber exatamente quando foram escritos. Até hoje, os pesquisadores se baseavam principalmente na análise da caligrafia — técnica chamada paleografia —, mas ela é imprecisa e subjetiva. Faltavam pontos de comparação com documentos datados da mesma época.

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Para resolver esse ime, uma equipe da Universidade de Groningen, na Holanda, desenvolveu uma nova abordagem. Eles combinaram datação por radiocarbono — usada para saber há quantos anos um material orgânico foi produzido — com um modelo de inteligência artificial chamado Enoch, capaz de identificar padrões nos traços da escrita. Ao cruzar esses dois métodos, os cientistas conseguiram estimar a idade dos manuscritos com mais precisão e confiabilidade, abrindo caminho para rever datas até então aceitas como certas.

O que o modelo revelou sobre os pergaminhos? 2c6658

A equipe analisou digitalmente 24 fragmentos que já tinham sido datados por carbono-14 e usou essas informações como base para ensinar a inteligência artificial a reconhecer traços específicos de diferentes estilos de escrita. Depois disso, aplicaram o modelo em outros 135 manuscritos ainda sem data definida. O resultado mostrou que muitos deles são mais antigos do que os estudiosos pensavam. Em média, a margem de erro da IA foi de apenas 30 anos — o que é bastante preciso considerando que se trata de documentos com mais de 2 milênios.

Uma das descobertas mais importantes foi que dois estilos de escrita hebraica conhecidos como “hasmoneano” e “herodiano” — antes considerados sucessivos no tempo — provavelmente coexistiram desde o final do segundo século antes de Cristo. Isso muda a forma como se entende a evolução da escrita na região e sugere que esses estilos estavam associados a diferentes comunidades ou finalidades, e não necessariamente a períodos distintos. Esse tipo de dado ajuda a reconstituir aspectos sociais e políticos da época, como o crescimento da alfabetização e a organização das escolas de escribas.

Fragmentos bíblicos foram escritos na época de seus autores? q6e3z

O estudo também conseguiu, pela primeira vez, confirmar que dois manuscritos foram copiados justamente no período em que os estudiosos acreditam que seus textos foram compostos. Um deles é o 4Q114, com trechos do livro de Daniel, que foi datado entre 230 e 160 a.C. — exatamente o período atribuído à redação final do livro. O outro é o 4Q109, com parte do livro de Eclesiastes (Qohelet), que o modelo datou do século III a.C., também compatível com o que se presume sobre sua origem.

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Essas datas fortalecem a hipótese de que os pergaminhos encontrados são cópias próximas aos textos originais e não reproduções feitas séculos depois, como se supunha. Isso permite aos pesquisadores estudar os livros bíblicos quase “em tempo real” com seus autores anônimos, oferecendo uma janela inédita para compreender as circunstâncias em que esses escritos foram produzidos. Também ajuda a distinguir entre tradição e realidade histórica — por exemplo, ao mostrar que o livro de Eclesiastes provavelmente não foi escrito por Salomão, como diz a tradição, mas por um autor desconhecido do período helenístico.

O que essa descoberta muda para a história da região? 6n5d20

As novas datas sugeridas pela IA mudam a linha do tempo não só dos manuscritos, mas também de eventos históricos associados. Textos considerados típicos do grupo que escreveu os manuscritos do Mar Morto, por exemplo, podem ter sido produzidos bem antes da ascensão da dinastia hasmoneana — o que obriga os historiadores a repensarem quando esse grupo surgiu, e em que contexto político e religioso. Há evidências agora de que uma rica cultura literária já florescia na Judeia antes mesmo das grandes transformações políticas do século II a.C.

Essas conclusões também afetam como se entende a relação entre religião e poder na época. Se os textos sagrados estavam sendo produzidos antes da consolidação do reino hasmoneano, isso indica que a produção intelectual e religiosa não era apenas um reflexo do poder estatal, mas algo que já existia e circulava em outros espaços sociais. Assim, o estudo ajuda a enxergar com mais clareza a dinâmica cultural de um período que deu origem a tradições religiosas que influenciam o mundo até hoje.

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